quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O autismo é o transtorno do desenvolvimento que mais tem produzido filmes e reportagens desde a década de oitenta. Baseados ou não em fatos reais, filmes dramáticos, e mesmo de aventura vêm alimentando o imaginário popular sobre o assunto de maneira nem sempre satisfatória para os autistas reais.
De gênios excêntricos incompreendidos a loucos furiosos, as representações coletivas sobre o autismo variam enormemente, evocando encanto e mistério – por um lado – e de outro dúvidas e medo.
Pessoas autistas podem ser uma sutil e variada mistura de diversas imagens pintadas pela mídia – e algo mais. Esse algo mais faz uma diferença crucial para quem quer se aventurar neste universo maravilhoso, não pelo que tem de exótico, mas pelo que pode ensinar às pessoas “normais” motivadas para isso.
O que se chama de “autismo clássico”, “síndrome de kanner” ou, mais recentemente, “transtorno autista” se caracteriza por um comportamento aparentemente alheio ao ambiente social, uma tendência a movimentos e vocalizações repetitivos, uma resistência variável, mas sempre presente, a mudanças na rotina e dificuldades típicas de interação social e comunicação.
Pessoas autistas têm dificuldade de perceber e seguir regras sociais, desde as mais sutis e implícitas até as verbalmente formuladas; apenas com dificuldade conseguem prever as atitudes dos outros, principalmente em relação a elas mesmas; boa parte delas apresenta problemas no processamento cerebral dos estímulos sensoriais. Estes problemas afetam o desenvolvimento de maneira global e invasiva, ou seja, nas áreas cognitiva, sócio-afetiva, psicomotora, de linguagem (tanto verbal como não-verbal) e de cuidados próprios.
Nem todos são afetados na mesma intensidade. Numerosos estudos têm demonstrado a existência de “sombras”, casos sub-clínicos, ou seja, indivíduos cujo funcionamento pode ser rotulado de “normal” pois não causa suficiente sofrimento neles ou em seus pares para motivar a busca por ajuda profissional. Esta busca acontece quando estes indivíduos têm filhos, sobrinhos ou netos nos quais estas características acentuam-se de modo a permitir um diagnóstico

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